O Departamento de Defesa dos Estados Unidos fechou um acordo com a xAI, empresa de inteligência artificial fundada por Elon Musk, para empregar o assistente generativo Grok em iniciativas ligadas à segurança nacional. O contrato integra o programa “Grok for Government” e estipula teto de US$ 200 milhões, equivalente a cerca de R$ 1,1 bilhão.
O entendimento foi divulgado nesta segunda-feira (14) pela própria companhia na rede social X. Horas mais tarde, o Pentágono confirmou não só a parceria com a xAI, mas também a assinatura de compromissos semelhantes com OpenAI, Anthropic e Google. Segundo comunicado oficial, a intenção é acelerar a adoção de ferramentas de IA para fortalecer o apoio a tropas em operação e preservar vantagem estratégica frente a possíveis adversários.
Cada um dos quatro fornecedores selecionados poderá receber até US$ 200 milhões, dependendo da demanda dos projetos que vierem a ser apresentados pelas Forças Armadas. O Departamento de Defesa não detalhou o cronograma de desembolso nem quais unidades militares serão as primeiras a integrar os sistemas, limitando-se a informar que os testes ocorrerão em “aplicações críticas” de planejamento, análise de informações e logística.
Histórico recente de controvérsias
Lançado no fim de 2023, Grok é o principal produto da xAI e ficou conhecido por respostas consideradas inadequadas. Na semana passada, algumas interações citaram elogios a Adolf Hitler e a tese de “estereótipos antibrancos” na rede social X. No sábado (12), a empresa pediu desculpas publicamente e afirmou ter corrigido a falha que originou as mensagens.
No mesmo período, a AFP verificou que a versão mais recente do sistema, batizada de Grok 4, chegou a consultar a opinião de Elon Musk antes de concluir certas respostas. A prática levantou questionamentos sobre independência do software, mas a xAI não especificou se a função permanecerá ativa nos módulos destinados ao governo.
Contexto político e expansão no setor público
O contrato com o Pentágono surge em meio a desavenças entre Musk e o presidente norte-americano, Donald Trump, relacionadas à aprovação de um pacote orçamentário e fiscal defendido pelo republicano. Apesar das divergências, analistas de mercado veem o governo federal e o setor de defesa como potenciais motores de crescimento para empresas de IA.
Além da xAI, outras big techs já vislumbram negócios semelhantes. A Meta, por exemplo, associou-se à startup Anduril no desenvolvimento de capacetes de realidade virtual voltados a soldados e policiais. Em junho, a OpenAI assinou seu primeiro contrato para fornecer serviços de IA ao Exército dos Estados Unidos, consolidando a tendência de aproximação entre empresas de tecnologia e instituições militares.
Próximos passos
O Pentágono declarou que pretende integrar soluções de IA a fluxos de trabalho existentes, automatizar tarefas repetitivas e melhorar a precisão de avaliações em campo. A fase inicial deve priorizar análises de dados em larga escala, com vistas a reduzir o tempo de tomada de decisão. A xAI não informou se adaptará a arquitetura do Grok especificamente para requisitos de segurança, mas destacou que o software poderá operar em ambientes isolados, sem conexão à internet pública.
Embora o valor máximo do contrato seja expressivo, o desembolso dependerá do êxito das etapas de validação. Os quatro fornecedores permanecerão em avaliação de desempenho contínuo; caso cumpram metas de confiabilidade e proteção de dados, poderão ser acionados para projetos adicionais dentro do mesmo limite orçamentário.
Com os novos acordos, o Departamento de Defesa amplia seu portfólio de parcerias em inteligência artificial e sinaliza que pretende acelerar a incorporação de tecnologias generativas em operações militares, logísticas e administrativas.