Governo dos EUA autoriza Nvidia a retomar vendas do chip H20 à China

São Francisco – A Nvidia comunicou na noite de segunda-feira, 14 de julho de 2025, que deverá recomeçar em breve o fornecimento do chip de inteligência artificial H20 ao mercado chinês. A decisão foi possível após o governo dos Estados Unidos confirmar que concederá licenças específicas para a exportação do dispositivo, revertendo uma proibição aplicada em abril.

O H20 é um dos componentes de última geração da fabricante californiana voltado a aplicações de aprendizado de máquina de alta complexidade. Em meio ao endurecimento das regras de controle de tecnologia sensível, Washington vetou a venda do produto à China três meses atrás, quando reforçou os requisitos de licenciamento para a comercialização de semicondutores avançados com o país asiático. Desde então, os embarques ficaram suspensos, atingindo tanto clientes corporativos quanto parceiros de pesquisa que utilizam o processador em projetos de inteligência artificial.

Segundo a Nvidia, a liberação oficial elimina o principal obstáculo regulatório e permitirá a retomada do fluxo comercial “em futuro próximo”, termo usado pela empresa em comunicado distribuído à imprensa. A companhia não apresentou um cronograma detalhado nem expectativas de volume, mas afirmou que já iniciou contatos com compradores chineses para reorganizar pedidos anteriormente suspensos.

O Departamento de Comércio dos Estados Unidos, responsável pelas licenças de exportação, confirmou que passará a autorizar remessas do H20 para a China caso os distribuidores atendam às condições determinadas em abril. Na ocasião, o órgão havia ampliado o escopo de produtos sujeitos a análise individual, exigindo documentação adicional das empresas interessadas. Com a nova orientação, esses processos continuarão em vigor, porém as permissões serão concedidas caso a avaliação governamental indique ausência de riscos à segurança nacional, conforme as normas vigentes.

A suspensão de abril ocorreu no contexto de uma série de restrições mais amplas impostas pela Casa Branca para limitar o acesso chinês a tecnologias consideradas estratégicas. Entre as justificativas apresentadas na época estavam preocupações com o uso militar e com o avanço de sistemas de inteligência artificial que pudessem reforçar a capacidade de vigilância do governo de Pequim. A proibição temporária do H20 integrou essa lista de medidas, provocando incertezas sobre a continuidade dos negócios da Nvidia no segundo maior mercado de semicondutores do mundo.

A fabricante não divulgou estimativas sobre o impacto financeiro do bloqueio de três meses, mas analistas de mercado vinham apontando potencial redução de receitas na divisão de data centers, onde o chip é classificado. O produto garante grande parte do faturamento da companhia no segmento de inteligência artificial, área que registrou forte expansão nos últimos trimestres. A retomada das vendas tende a restaurar parte do ritmo anterior, embora ainda esteja sujeita aos trâmites de cada licença emitida pelo governo norte-americano.

Em nota, a Nvidia informou que continuará trabalhando em “total conformidade” com as exigências regulatórias dos Estados Unidos e que mantém diálogo constante com autoridades para evitar interrupções semelhantes no futuro. A companhia reiterou que todos os seus produtos de inteligência artificial passam por procedimentos internos de avaliação de destino, processo que, segundo a empresa, será reforçado após a experiência recente.

O governo dos EUA não divulgou detalhes sobre o número de licenças que pretende conceder nem sobre eventuais limites de quantidades. O pronunciamento oficial indicou apenas que cada solicitação será examinada caso a caso, de acordo com critérios estabelecidos em abril. Não houve, até o momento, manifestação pública de órgãos chineses sobre a decisão norte-americana.

O anúncio desta segunda-feira encerra um período de indefinição para clientes e parceiros que dependem do H20 em plataformas de computação de alta performance. Empresas de tecnologia e centros de pesquisa na China vinham buscando alternativas para contornar a falta do processador, inclusive recorrendo ao remanejamento de estoques. Com a autorização, essas organizações poderão retomar a implementação de projetos previstos para 2025, desde que as licenças sejam efetivamente emitidas.

Embora a medida marque uma flexibilização em relação ao veto de abril, fontes do setor avaliam que o regime de licenciamento permanecerá sujeito a revisões periódicas, como ocorre com outros equipamentos de ponta. Por enquanto, a sinalização de Washington atende ao pleito da Nvidia e de clientes chineses, reduzindo tensões comerciais no segmento de semicondutores.

Com informações da Dow Jones Newswires.

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