A Resea AI apresentou oficialmente a sua nova plataforma de inteligência artificial concebida para investigadores. O agente académico utiliza modelos de linguagem de última geração e acesso direto a bases de dados científicas para gerir todas as etapas do trabalho, desde a formulação de perguntas de investigação até à geração do manuscrito final acompanhado de referências verificáveis.
Foco em eliminar falhas comuns na produção científica
A empresa afirma ter desenvolvido o agente a partir de entrevistas e testes com académicos de várias áreas. Num inquérito recente realizado pela própria Resea AI, mais de 85 % dos participantes indicaram que as ferramentas de IA disponíveis no mercado criam experiências fragmentadas. Entre os problemas apontados estão interrupções frequentes durante a escrita, necessidade de alternar entre separadores para formatar citações e dificuldade em manter o tom académico adequado.
Para ultrapassar esses obstáculos, a Resea AI especializou o seu produto em três frentes. Em primeiro lugar, a plataforma foi treinada para reconhecer a estrutura típica de artigos científicos, desde o resumo até à discussão. Em segundo, o sistema oferece sugestões com linguagem formal, compatível com estilos de publicação académica. Por fim, cada afirmação gerada é acompanhada de referências provenientes de periódicos revistos por pares, reduzindo o risco de citações inventadas ou imprecisas.
Segundo David Mose, fundador da Resea AI, o objetivo é “permitir que os investigadores se concentrem em pensar, não em gerir ferramentas”. O executivo sublinha que o agente “elimina a necessidade de saltar entre janelas ou corrigir formatação manualmente”, tarefas que consomem uma parte significativa do tempo de quem produz artigos científicos.
Integração direta com PubMed e arXiv
O agente académico recorre a múltiplas fontes de literatura para fornecer resultados abrangentes. Entre as integrações confirmadas estão o PubMed, repositório de referência em ciências da vida, e o arXiv, base que cobre disciplinas como física, matemática e computação. Quando o utilizador introduz uma questão de investigação, o sistema realiza uma pesquisa exaustiva, avalia a pertinência dos artigos e devolve um conjunto de citações rastreáveis. Todo o percurso é apresentado ao autor, que pode verificar a origem de cada dado antes de o incluir no texto.
Outro elemento destacado é o motor proprietário MindThink. De acordo com a Resea AI, esta tecnologia analisa tendências emergentes na literatura e identifica debates chave relacionados com o tema em estudo. O resultado é um mapeamento rápido dos tópicos que carecem de evidências adicionais ou que concentram opiniões divergentes, ajudando o investigador a posicionar o seu trabalho de forma mais crítica.
Fluxo de trabalho de ponta a ponta
Quando recebe um comando, o agente traça primeiro uma estratégia que define a intenção, o público-alvo e o tom. Em seguida, organiza a pesquisa bibliográfica, elabora um esboço estruturado e produz um rascunho completo. Todo o processo decorre num único ambiente, o que, segundo a empresa, diminui interrupções e reduz a probabilidade de erros manuais.
Além de redigir o artigo, o sistema gera listas de referências em estilos como APA, MLA ou Vancouver. A formatação é aplicada automaticamente, evitando revisões repetitivas. Caso o autor deseje alterar o estilo, basta indicar a preferência para que o documento seja actualizado de imediato.
Planos de expansão e novas funcionalidades
A Resea AI pretende reforçar a personalização para áreas do conhecimento com requisitos específicos. A empresa informa que as próximas versões do agente incluirão fluxos de trabalho adaptados a disciplinas como engenharia, ciências sociais e artes. Outra prioridade é a expansão da compatibilidade com idiomas além do inglês, objetivo que deverá facilitar a publicação em revistas regionais e o intercâmbio académico internacional.
Também está prevista a introdução de estilos de escrita diversificados. A ideia é que o utilizador possa optar entre abordagens mais descritivas, analíticas ou argumentativas, dependendo das normas da revista ou da tradição de cada campo.
Potencial de impacto na produtividade académica
No entendimento da empresa, a incorporação de IA em todas as fases da investigação pode contribuir para acelerar a produção científica. “A inteligência artificial tem capacidade para desbloquear avanços significativos ao apoiar cada estágio do processo”, afirma David Mose. “Queremos ajudar os académicos a transformar ideias importantes em artigos, sem as barreiras comuns encontradas nas ferramentas atuais.”
Com o lançamento oficial, a Resea AI junta-se a um conjunto crescente de plataformas que exploram modelos linguísticos para auxiliar a investigação. A proposta diferencia-se pela combinação de pesquisa automatizada, verificação de fontes e geração de texto com tom especializado, funcionalidades que podem reduzir o tempo dedicado a atividades administrativas e aumentar a consistência das publicações.
Os interessados podem aceder ao agente académico através do portal da empresa. Embora não tenham sido divulgados detalhes sobre preços ou modalidades de assinatura, a Resea AI indica que o serviço já está disponível para instituições e utilizadores individuais. A companhia refere ainda que recolherá feedback contínuo dos primeiros utilizadores para aprimorar o desempenho da plataforma e expandir a cobertura de bases de dados nos próximos meses.
Para o universo académico, a chegada de soluções que conjugam busca bibliográfica instantânea, escrita assistida e formatação automática representa uma mudança substancial nos métodos de trabalho. Se a ferramenta atingir o objetivo de minimizar erros de citação e reduzir esforços repetitivos, investigadores poderão dedicar maior atenção à formulação de hipóteses e análise de resultados, etapas consideradas centrais para o avanço do conhecimento.
