Sensor Atlas Orion leva LiDAR 4D de longo alcance a cidades inteligentes

Aeva apresentou o Atlas Orion, um sensor LiDAR 4D concebido para reforçar a gestão de tráfego, a segurança pública e a monitorização de multidões em ambientes urbanos. O equipamento combina alcance estendido, medição simultânea de posição e velocidade e uma arquitetura “tudo-em-um” que inclui dados e alimentação via Power-over-Ethernet (PoE++). O lançamento marca a primeira solução da empresa certificada segundo o padrão NEMA-TS2, referência para controladores de sinalização de tráfego em condições ambientais exigentes.

Foco em infraestrutura crítica

A nova plataforma foi desenvolvida para responder a desafios recorrentes em estruturas como cruzamentos rodoviários, aeroportos e grandes instalações privadas. De acordo com a Aeva, o Atlas Orion alcança objetos a até 500 metros no caso de veículos e 200 metros quando se trata de utilizadores vulneráveis da via, como peões ou ciclistas. O campo de visão de 120 graus, combinado com resolução angular de 0,05 × 0,05 grau, permite cobertura completa de um entroncamento com apenas dois sensores, reduzindo custos operacionais e simplificando a manutenção.

O dispositivo utiliza tecnologia FMCW (Frequency Modulated Continuous Wave), capaz de detetar simultaneamente a distância e a velocidade dos alvos. Essa abordagem aumenta a confiança nas medições em cenários dinâmicos, onde múltiplos objetos se deslocam em ritmos diferentes. A fabricante destaca ainda a capacidade do sensor de operar em condições de iluminação escassa, ausência de luz ou presença de encandeamento solar, situação em que câmaras tradicionais tendem a perder precisão.

Principais características técnicas

Entre os atributos evidenciados durante o anúncio, a empresa listou:

Deteção de longo alcance: alcance máximo de 500 m para viaturas e 200 m para peões, com medição de velocidade em tempo real.
Certificação NEMA-TS2: garante resistência a vibração, temperatura extrema e humidade, requisitos para uso contínuo em vias públicas.
PoE++ integrado: um único cabo gigabit transporta energia e dados, simplificando a instalação em postes de iluminação ou semáforos.
Resiliência a interferências: imune a reflexos de sinais de trânsito, pavimento molhado ou superfícies metálicas brilhantes.
Privacidade embutida: recolhe dados de contexto sem capturar informação pessoal identificável, alinhando-se a regulamentações de proteção de dados.

A empresa sublinha que o conjunto oferece “ultra-resolução” — denominação interna para a combinação de alta definição angular e elevadas taxas de atualização. Essa caraterística sustenta aplicações de análise preditiva de tráfego, deteção antecipada de conflitos viários e automação de semáforos com base em volume e fluxo de veículos.

Primeiros clientes e cenários de uso

Dois integradores especializados em mobilidade conectada — a D2 Traffic Technologies e a Sotereon.ai — já iniciaram instalações piloto com o Atlas Orion. Em projetos de gestão de interseções, os sensores alimentam sistemas que ajustam tempos de semáforo conforme a densidade de veículos, identificam manobras de risco e alertam controladores centrais sobre incidentes em tempo real.

Outro segmento contemplado é o de segurança perimetral em instalações críticas. Aeroportos, portos e centros logísticos podem utilizar o LiDAR para estabelecer zonas de exclusão dinâmicas, detetando intrusões mesmo em condições de pouca visibilidade ou em áreas sujeitas a poeira e neblina. Por não recorrer à captura de imagens, o equipamento evita complicações legais relacionadas com reconhecimento facial ou armazenamento de vídeo.

Instalação e manutenção simplificadas

O design em formato “caixa única” integra eletrónica, ótica e interface de rede. A alimentação via PoE++ remove a necessidade de cablagem elétrica dedicada, fator que, segundo a Aeva, reduz custos de obra civil e tempo de instalação. Técnicos podem fixar a unidade em infraestrutura existente, como colunas de semáforo ou postes de iluminação, e ligar diretamente ao backbone IP do município ou da instalação privada.

A certificação NEMA-TS2 também influencia a manutenção: testes a vibração, choque térmico e exposição prolongada à água asseguram operação contínua em ambientes exteriores. Dessa forma, prefeituras e operadores evitam intervenções frequentes para calibração ou substituição prematura de componentes.

Diferença face a sistemas convencionais

Muitos municípios recorrem a combinações de câmaras, radares e sensores infravermelhos para monitorizar tráfego. Embora cada tecnologia cubra um conjunto específico de necessidades, câmaras dependem de iluminação adequada e estão sujeitas a problemas de privacidade, enquanto radares podem enfrentar dificuldades para discriminar objetos próximos em cruzamentos complexos. O LiDAR 4D pretende superar essas limitações ao produzir nuvens de pontos de alta densidade, com informação vetorial sobre direção e velocidade.

Além disso, a imunidade a condições adversas, como encandeamento ou reflexos de pavimento molhado, amplia a janela de disponibilidade do sistema. Em cidades onde fenómeno de “piscamento” de câmaras devido a luz solar direta causa lacunas nos registos, o Atlas Orion mantém leituras estáveis, contribuindo para bases de dados de tráfego mais fiáveis.

Modelo de comercialização e disponibilização

A Aeva confirmou que o sensor está disponível para integradores de sistemas, operadores de infraestrutura e entidades ligadas à gestão de multidões. O lançamento global inclui suporte técnico e documentação para integração em plataformas de análise de dados já implementadas em centros de controlo urbano.

A empresa não divulgou preços ou quantidades de produção, mas indicou que a abordagem modular permite escalar projetos desde testes limitados a redes de centenas de unidades. A compatibilidade com protocolos de rede padrão facilita a adoção por clientes que utilizam arquiteturas IP convencionais.

Perspectivas para o mercado de cidades inteligentes

Estudos de consultoras do setor apontam para um crescimento consistente no uso de LiDAR fora do ecossistema automóvel, impulsionado por iniciativas de cidades inteligentes e por exigências de segurança em locais de elevado fluxo de pessoas. Sensores de longo alcance, capazes de diferenciar peões, ciclistas e veículos pesados, oferecem dados que alimentam sistemas de inteligência artificial vocacionados para reduzir acidentes e otimizar a mobilidade.

Ao combinar FMCW, certificação para ambientes rigorosos e instalação simplificada, o Atlas Orion posiciona-se como candidato a componente central de novos projetos de infraestrutura digital. Cidades que planeiam expandir soluções de semáforos adaptativos, corredores de ônibus prioritários e zonas de tráfego restrito podem beneficiar de métricas exatas de distância e velocidade para ajustar planos de circulação em tempo quase real.

Na área de segurança, a ausência de captação de imagens sensíveis fornece alternativa a sistemas de videovigilância tradicionais, respondendo a preocupações de privacidade e a requisitos legislativos cada vez mais restritivos. Organizações que procuram monitorizar perímetros de grandes áreas industriais ou equipamentos de defesa podem integrar o sensor a plataformas existentes sem alterar políticas de proteção de dados.

Com as primeiras unidades já em operação e disponibilidade imediata para novos projetos, o Atlas Orion representa o passo mais recente da Aeva na estratégia de ampliar o uso do LiDAR 4D para além da condução autónoma. As próximas implementações irão demonstrar até que ponto a combinação de longo alcance, resistência ambiental e facilidade de instalação pode influenciar a adoção generalizada da tecnologia em espaços urbanos.

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