IA obriga data centers a rever energia, refrigeração e segurança

A expansão acelerada da inteligência artificial (IA) está a elevar o consumo de energia, a carga térmica e a complexidade operacional dos data centers. Segundo o arquiteto térmico Clayton DSouza, a infraestrutura construída há poucos anos já opera perto dos limites e necessita de ajustes imediatos para suportar cargas que ultrapassam 150 kW por rack.

Potência elevada exige novas abordagens térmicas

Os clusters de aceleradores dedicados a IA concentram mais equipamentos por unidade de espaço, canalizando maior potência e geração de calor. Sistemas de arrefecimento baseados apenas em fluxo de ar atingem rapidamente o ponto de saturação, obrigando operadores a recorrer a soluções híbridas que combinam ar e líquidos. Técnicas como imersão ou refrigeração directa ao chip ganham escala, mas introduzem requisitos adicionais de manutenção, monitorização de fluido e sincronização térmica.

Ao mesmo tempo, a distribuição eléctrica enfrenta picos de carga mais voláteis. Fontes de alimentação ininterrupta (UPS) funcionam com menor margem de segurança e a disposição física das salas precisa ser revista para acomodar equipamento mais pesado e denso.

Velocidade, segurança física e estratégia energética

O desenvolvimento de aplicações de IA avança em ciclos trimestrais, enquanto a construção tradicional de data centers decorre em anos. Para colmatar essa diferença, as empresas investem em módulos pré-fabricados e sistemas integrados de energia e arrefecimento testados em fábrica. O objectivo não é apenas reduzir custos, mas encurtar prazos de entrega e minimizar riscos de configuração no local.

Com maiores densidades computacionais, o valor do hardware e dos dados processados cresce. Isso torna a segurança física parte fundamental da operação. Controlo de acesso por funções, fechos inteligentes a nível de rack e vigilância ambiental passam a ser considerados no desenho inicial, sobretudo em ambientes multi-tenant com pessoal reduzido.

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A estratégia de energia também evolui. Além de garantir resiliência, operadores exploram o potencial das UPS como activos de flexibilidade para a rede eléctrica. Armazenamento de energia, células de combustível e programas de resposta à procura começam a compor o portefólio, alinhando objectivos financeiros e de sustentabilidade perante custos energéticos crescentes e pressão regulatória.

DSouza destaca que o risco principal está na fragmentação: modernizar refrigeração sem adequar alimentação, ou instalar novos sensores sem integrá-los na gestão de acesso, cria fragilidades ocultas. Para suportar a IA, o data center deve ser concebido como sistema único, com energia, arrefecimento, segurança e monitorização interligados desde o projecto até à operação. Apenas infraestruturas mais inteligentes e coordenadas conseguirão acompanhar a rápida evolução das cargas de trabalho de inteligência artificial.

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