Automação baseada em inteligência artificial deixou de ser exclusiva de linhas de produção e finanças para assumir tarefas críticas em setores regulados, como a educação. A tendência foi tema de debate no UiPath Fusion, em Las Vegas, onde executivos da Cognizant e da Pearson detalharam como “agentes” de IA já tomam decisões antes reservadas a analistas humanos.
Da execução de tarefas à tomada de decisões
Mariesa Coughanour, responsável pela unidade de automação e IA agentic da Cognizant, afirmou que o maior impacto vem da eliminação de atividades repetitivas. Segundo a executiva, os agentes libertam tempo das equipas ao aplicar regras definidas pela empresa e só recorrem ao utilizador quando identificam ambiguidades. “Não queremos pessoas presas a perguntas rotineiras; a tecnologia deve devolver horas produtivas ao funcionário”, resumiu.
Na Pearson Education, o diretor de automação, Venkat Bhaskara, exemplificou o avanço com o processo de matrícula. Durante os picos de inscrição, colaboradores verificavam manualmente documentos como certidões de nascimento ou comprovativos de residência. Hoje, um agente analisa os ficheiros, confirma se cumprem requisitos e encaminha apenas casos duvidosos para revisão humana. “Isso gera um ganho operacional expressivo”, sublinhou Bhaskara.
O executivo acrescentou que o mesmo modelo já administra ajustes de políticas internas sem intervenção manual, desde que permaneça dentro de limites predefinidos. A abordagem demonstra que a automação superou a simples execução de tarefas previsíveis e agora abrange decisões discricionárias, respaldadas por regras claras de negócio.
Aplicações além da educação
Coughanour citou um agente de recursos humanos capaz de gerir pedidos de férias. O sistema consulta agendas de equipas distintas, sugere alternativas e aprova solicitações quando os critérios estão satisfeitos, mantendo supervisão mínima. “Os utilizadores mostram-se confortáveis em delegar decisões sempre que o agente apresenta rastreabilidade e explicações”, explicou.

De acordo com os participantes, a aceitação cresce quando a tecnologia é apresentada como ferramenta de apoio, não de substituição. Governança reforçada, auditoria de decisões e comunicação transparente sobre limites de atuação figuram entre as práticas recomendadas para ampliar a confiança dos colaboradores.
Embora o setor educacional seja apontado como campo fértil pelo volume de regras e a necessidade de conformidade, as mesmas capacidades já se expandem para áreas como atendimento ao cliente, finanças e gestão de incidentes. A expectativa dos especialistas é que empresas que adotem agentes de IA de forma estruturada ganhem vantagem competitiva, ao reduzir atritos operacionais e redistribuir talento para atividades de maior valor.
O debate no UiPath Fusion reforça que a próxima etapa da automação corporativa passa pela integração de sistemas capazes de raciocinar, decidir e agir em larga escala, sempre sob orientação humana e conformidade regulatória.