Washington (EUA) – O senador norte-americano Bernie Sanders afirmou, em entrevista recente ao site Gizmodo, que a Inteligência Artificial (IA) pode ampliar as disparidades económicas e provocar efeitos sociais devastadores caso não seja acompanhada de salvaguardas.
Segundo o parlamentar democrata, as últimas cinco décadas de avanço tecnológico favoreceram majoritariamente grandes corporações, enquanto os salários reais permaneceram estagnados ou caíram. Para ele, a IA corre o risco de repetir esse padrão, beneficiando “quem já é muito rico” e deixando trabalhadores para trás.
Semana de 32 horas sem redução salarial
Para redistribuir os ganhos de produtividade proporcionados pela tecnologia, Sanders defende uma jornada semanal de 32 horas sem corte de remuneração. O senador argumenta que os sindicatos devem negociar esse tipo de proteção, garantindo que os benefícios da IA sejam partilhados com a força de trabalho.
Impacto laboral e saúde mental
O político relatou ter conversado com um especialista em IA que prevê perdas massivas de empregos e classifica a atual revolução tecnológica como potencialmente mais disruptiva que a Revolução Industrial. Além do risco de demissões, Sanders citou possíveis efeitos negativos na saúde mental, devido ao aumento do isolamento quando pessoas passam a interagir mais com chatbots do que com amigos ou familiares.
“Cenário do fim do mundo”
O senador pelo estado de Vermont disse estar especialmente preocupado com a hipótese de a IA escapar ao controle humano. De acordo com Sanders, “pessoas muito bem informadas” na indústria temem que sistemas avançados possam “dominar a sociedade em vez de servi-la”.
Ele compara a ameaça atual às políticas comerciais dos anos 1970, prevendo que empregadores usem a automação como argumento para reduzir salários: “Aceitem menos ou substituímos vocês por máquinas”.
Convocação aos trabalhadores
Sanders apelou a um movimento sindical “militante” para enfrentar os perigos que a tecnologia representa aos direitos trabalhistas. Na visão do senador, a direção futura da IA deve ser controlada pela população e não pela “ganância de bilionários”.
Apesar das advertências, o congressista acredita que, com regulamentação adequada, a Inteligência Artificial pode contribuir para eliminar a pobreza e elevar o padrão de vida. O desafio, concluiu, é assegurar que a tecnologia sirva à humanidade em vez de concentrar riqueza nas mãos de uma elite do setor.
