A consolidação do conceito de “fábricas de inteligência artificial” redefiniu as prioridades da indústria tecnológica. Nessas fábricas, semicondutores avançados, redes de baixa latência e grandes fluxos de dados operam como linhas de produção capazes de gerar resultados digitais em tempo real. A visão ganhou espaço no mais recente episódio do podcast theCUBE, conduzido pelos analistas John Furrier e Dave Vellante, que analisaram as estratégias de Broadcom, Nvidia e IBM diante da escalada da procura por infraestrutura de IA.
Modelos de negócio em transformação
Segundo os analistas, a lógica de produção tradicional migrou para o universo computacional: o poder de processamento passou a ser medido em termos de capacidade industrial. Nvidia aposta num modelo verticalmente integrado, em que hardware, software e sistemas são desenvolvidos em conjunto para acelerar o desempenho e reduzir custos por ciclo. Já a Broadcom segue abordagem modular, firmando contratos multianuais de chips sob medida e combinando semicondutores com software para equilibrar cargas de trabalho específicas.
Essa estratégia rendeu à Broadcom cerca de 16 mil milhões de dólares em receitas no trimestre mais recente – aumento de 23% face ao ano anterior. A empresa registou ainda fluxo de caixa livre de 7 mil milhões de dólares, equivalente a 45% da receita, indicador superior aos de gigantes como Microsoft e Nvidia, de acordo com Vellante.
Casos de uso e escalabilidade
O torneio de ténis US Open exemplifica a aplicação prática das fábricas de IA. A IBM utilizou a plataforma watsonx para processar 4,5 milhões de pontos de dados por partida, em 17 courts, gerando estatísticas e análises quase instantâneas. Para Furrier, o evento funciona como “fábrica de dados”, demonstrando como grandes volumes de informação podem ser convertidos em valor competitivo em tempo real.
Outra vertente destacada envolve a corrida por clusters de grande escala. A OpenAI, citada no debate, investe em arquitetura própria de servidores e pode recorrer a chips personalizados, seguindo um “modelo caixa branca” que visa otimizar custos e performance sem depender exclusivamente da oferta de Nvidia.

Impacto no mercado de infraestrutura
O avanço das fábricas de IA impulsiona empresas de semicondutores que se posicionam como principais fornecedoras da “corrida do ouro” digital. Furrier prevê um ciclo de crescimento contínuo para Nvidia e Broadcom, uma vez que ambas atuam como elementos centrais da cadeia de abastecimento. Enquanto isso, parcerias entre fornecedores de nuvem, integradores de dados e desenvolvedores de software tornam-se decisivas para levar a nova arquitetura às empresas tradicionais.
A combinação de contratos de longa duração, capital intensivo e inovação em silício confirma que o diferencial competitivo já não depende apenas de software, mas da capacidade de escalar infraestruturas de IA como autênticas plantas de produção tecnológica.