Cortes no setor de tecnologia ultrapassam 22 mil vagas em 2025 e mantêm ritmo de enxugamento global

A onda de demissões que atingiu as empresas de tecnologia em 2024 continua forte em 2025. Segundo o monitor independente Layoffs.fyi, mais de 22 mil postos de trabalho foram eliminados no setor desde janeiro, número que se soma aos mais de 150 mil cortes registrados ao longo do ano passado.

Recorte mês a mês

O levantamento aponta oscilações significativas ao longo do primeiro semestre:

• Janeiro – 2.403 desligamentos
• Fevereiro – 16.234 desligamentos
• Março – 8.834 desligamentos
• Abril – mais de 24.500 desligamentos
• Maio – 10.397 desligamentos
• Junho – 1.606 desligamentos

Os dados de julho ainda não estão consolidados, mas novas reduções já foram comunicadas por diversas companhias.

Reestruturações em grandes grupos

Algumas das maiores empregadoras do ecossistema tecnológico concentraram parte relevante das dispensas. Uma gigante do comércio eletrônico sediada em Seattle anunciou mais de 6.500 cortes, equivalentes a 3 % de seu quadro global, poucos meses depois de ter eliminado 10 mil vagas em 2023. Já o conglomerado japonês Recruit Holdings, controlador dos portais de emprego Indeed e Glassdoor, informou que aproximadamente 1.300 funções serão encerradas, sobretudo nos Estados Unidos, dentro de um plano de integração das operações e de foco em inteligência artificial.

Outro destaque foi a decisão de um grupo multinacional de serviços em nuvem de dispensar 9 mil colaboradores, menos de 4 % de sua força de trabalho, após ajustes menores em janeiro, maio e junho. Em território norte-americano, a fabricante de chips Intel comunicou duas frentes de ajuste: pretende enxugar entre 15 % e 20 % do pessoal da divisão Intel Foundry a partir de julho e, em abril, divulgou a meta de reduzir aproximadamente 21 mil vagas, o que corresponde a 20 % do total.

Startups e empresas de médio porte

Entre companhias emergentes, o cenário não foi diferente. A Eigen Labs, desenvolvedora do serviço EigenCloud, demitiu 29 profissionais, cerca de 25 % de seu efetivo. A canadense Klue, voltada a inteligência competitiva com IA, cortou 85 funcionários, ou 40 % da equipe.

No segmento automotivo, a montadora de veículos elétricos Rivian dispensou 140 empregados, principalmente na área de manufatura. A General Motors retirou 200 postos na Factory Zero, em Michigan, diante da desaceleração do mercado de veículos elétricos. Ainda na indústria pesada, a sueca Northvolt demitiu 2.800 pessoas após entrar com pedido de falência.

O impacto alcançou também serviços digitais de consumo. Uma plataforma de encontros on-line informou o corte de 240 vagas (30 % do quadro) para economizar US$ 40 milhões anuais. Já a edtech sediada em São Francisco, voltada a aluguel de livros e tutoria, planeja dispensar 248 funcionários, aproximadamente 22 % do total, num esforço para conter custos depois da queda de tráfego com a popularização de ferramentas de IA.

Foco crescente em IA e automação

Muitos comunicados mencionam o redirecionamento de recursos para projetos de inteligência artificial. O Google reduziu em 25 % o time dedicado a televisores inteligentes – cerca de 300 pessoas – e cortou 10 % do orçamento desse braço, enquanto ampliou os investimentos em IA. A Meta dispensou mais de 100 empregados na divisão Reality Labs, responsável por experiências de realidade virtual, como parte de um redesenho para otimizar equipes e acelerar entregas.

Consequências e perspectiva

Além de companhias listadas, instituições de capital de risco também ajustaram estruturas. O fundo Sequoia Capital encerrará o escritório de Washington e desligará sua pequena equipe de relações governamentais. No campo corporativo, a fornecedora de cibersegurança Sophos confirmou a eliminação de 6 % de sua força de trabalho poucas semanas depois de incorporar a Secureworks por US$ 859 milhões.

Mesmo com o avanço de projetos de automação, o ritmo de demissões sugere que a busca por eficiência continua central na estratégia das empresas. A soma parcial de 2025 já supera 22 mil cortes, e os comunicados divulgados entre junho e início de julho indicam que o número deve crescer. Para analistas, o resultado imediato é a redução de custos; porém, o monitoramento dos dados – atualizado em tempo real – evidencia o impacto humano desse processo em diferentes regiões e áreas de atuação.

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