O avanço da inteligência artificial (IA) vem remodelando processos em várias indústrias, mas o principal perigo não é a substituição em massa de empregos, segundo John Callahan, diretor de tecnologia e presidente da Partsol. Para o executivo, o verdadeiro desafio reside em organizações que adotam IA sem preparar adequadamente os seus profissionais, criando uma força de trabalho incapaz de acompanhar a transformação digital.
Escalar sem estratégia compromete resultados
Nos últimos anos, muitas empresas abraçaram soluções, sobretudo de IA generativa, impulsionadas pela pressão competitiva. Callahan observa que parte dessas iniciativas avançou sem definição clara de metas ou avaliação das necessidades internas. A consequência tem sido recuos, investimentos mal alocados e frustração com retornos aquém do esperado.
O especialista destaca que a implantação de IA exige infraestrutura técnica e, sobretudo, competências humanas capazes de interpretar resultados e ajustar modelos. Sem esse preparo, as organizações não apenas desperdiçam recursos, como perdem a oportunidade de aprimorar a sua vantagem competitiva.
Formação contínua é fator crítico
Embora alguns setores, como o financeiro, apresentem maior propensão à automação de tarefas padronizadas, Callahan considera prematuro eliminar o elemento humano em muitas funções. Habilidades como criatividade, inteligência emocional e tomada de decisão contextual mantêm-se exclusivas das pessoas e complementam os algoritmos.
Para reduzir riscos, o executivo sugere programas de capacitação que combinem fundamentos técnicos de IA com temas emergentes — ética, sustentabilidade digital e literacia de dados. Esses conhecimentos ampliam a resiliência da força de trabalho diante de mudanças aceleradas.

Novas carreiras surgem com a tecnologia
Ao mesmo tempo em que automatiza atividades, a IA abre espaço para novos perfis profissionais. Testadores de segurança de IA, especialistas em ética, engenheiros de prompt e anotadores de dados estão entre as funções mais requisitadas. Essas posições associam competências técnicas a julgamento humano, garantindo que as soluções permaneçam seguras, justas e eficazes.
Callahan argumenta que profissionais dispostos a diversificar habilidades terão vantagem. Empresas que estimulam essa atualização tendem a minimizar a lacuna de competências, evitar retrocessos operacionais e acelerar a inovação.
Para o executivo, a parceria entre pessoas e IA define o sucesso no longo prazo. Organizações que superarem o temor inicial, planearem a adoção de forma estratégica e investirem no desenvolvimento de talentos estarão melhor posicionadas para colher benefícios tangíveis e sustentar crescimento em um mercado cada vez mais digital.