FORT Robotics recebe 18,9 milhões e reforça soluções de segurança para robôs

FORT Robotics, especializada em sistemas de segurança e controlo para máquinas autónomas, garantiu mais 18,9 milhões de dólares na expansão da sua ronda de financiamento Série B. Com este reforço, o montante total captado pela empresa atinge 60,5 milhões de dólares, consolidando‐se como um dos maiores investimentos recentes em tecnologias de segurança para robótica e inteligência artificial física. A operação foi liderada pelo fundo Tiger Global e contou com a adesão de novos parceiros financeiros, além da manutenção de investidores que já acompanhavam o projeto.

O aumento de capital surge num contexto em que a adoção de sistemas autónomos ultrapassa a fase experimental e passa a integrar operações de larga escala em diferentes sectores. Veículos autónomos, agricultura de precisão, construção, defesa, automação fabril e robôs humanóides começam a partilhar ambientes de trabalho com pessoas, exigindo mecanismos robustos para prevenir falhas e mitigar riscos. Nessa confluência, a tecnologia da FORT fornece camadas de segurança funcional e cibersegurança, permitindo que fabricantes e utilizadores mantenham controlo dinâmico sobre frotas de robôs.

Samuel Reeves, diretor‐executivo da FORT Robotics, confirmou que a procura pelas soluções da empresa “acelera de forma acentuada” tanto entre novos clientes como entre utilizadores de longa data. O responsável sublinha que a escalabilidade dos sistemas que combinam hardware, software e conectividade segura transformou a segurança num requisito crítico à expansão da automação. Segundo Reeves, o novo financiamento permitirá antecipar funcionalidades que acompanhem o crescimento das frotas e as normas internacionais de segurança.

Prioridades de investimento e nova composição do conselho

De acordo com a FORT Robotics, o capital agora angariado será direcionado para três frentes principais. A primeira consiste em aumentar a versatilidade das soluções já disponíveis, incorporando novos protocolos de comunicação, integrações de API e certificações adicionais para conformidade em diferentes mercados. Em paralelo, a empresa desenvolverá uma geração de produtos centrados em análise de dados críticos e em mecanismos de segurança concebidos para substituir métodos tradicionais, considerados insuficientes perante os desafios da inteligência artificial aplicada a meios físicos. Por fim, o investimento apoiará iniciativas que acelerem a adoção – desde programas de desenvolvimento até implementação em clientes globais.

A expansão também se reflete na estrutura de governação. Três novos nomes passam a integrar o conselho de administração e a orientar a estratégia de crescimento. Kirk D. Brown, atualmente diretor‐operacional e financeiro da SportsMedia Technology, traz experiência na gestão de negócios de tecnologia e geoespacial, após ter ocupado o mesmo cargo na Overwatch Geospatial, adquirida pela Textron. Jorge Heraud, fundador da Blue River Technology e antigo vice‐presidente de Automação da John Deere, assume lugar no conselho após se tornar presidente‐executivo da TerraBlaster. Já Benjamin G. Wolff, cofundador da operadora Clearwire (vendida à Sprint) e hoje presidente‐executivo da Palladyne AI, soma conhecimento em telecomunicações, redes sem fios e inteligência artificial aplicada.

Segundo a empresa, o perfil empreendedor e técnico dos novos membros acrescenta competências em áreas complementares, essenciais para a próxima fase de expansão. A FORT pretende alargar a presença em mercados onde a automação enfrenta regras de segurança estritas, como logística interna, equipamentos de construção autónomos e plataformas defensivas de uso dual. O reforço na liderança deve ainda facilitar parcerias estratégicas e a abertura de portas em segmentos regulamentados.

No lado dos investidores, a operação manteve o compromisso de fundos que já integravam o capital da empresa, designadamente Prime Movers Lab, Mark Cuban, FundersClub, Creative Ventures, GRIDS Capital e Ahoy Capital. Entre os novos participantes destacam-se Neman Ventures, Mana Ventures, Gaingels e a japonesa Ryuu Co. Para Shane Neman, diretor de investimentos da Neman Ventures, a FORT “representa um habilitador essencial para a próxima geração de robótica, incluindo o segmento emergente de humanóides”, tese que o levou a integrar a ronda.

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Analistas do sector apontam que a segurança funcional, área onde a FORT atua, se tornou um dos principais entraves à disseminação maciça de robôs colaborativos. Normas internacionais, como ISO 13849 e IEC 61508, impõem requisitos rigorosos de redundância, diagnóstico de falhas e controlo de emergências. Ao combinar componentes de hardware certificados com camadas de software atualizável, a plataforma da FORT procura reduzir a complexidade da certificação para fabricantes e operadores.

Além de requisitos normativos, cresce a preocupação com ciberataques contra sistemas autónomos, que podem provocar paragens de produção ou danos físicos. Neste campo, a empresa responde com autenticação criptográfica, gestão de permissões baseada em funções e comunicação encriptada entre robôs, sensores e aplicações de controlo. Na visão dos investidores, a convergência de segurança funcional e cibersegurança posiciona a FORT como fornecedora crítica num ecossistema que inclui desde startups de robótica a grandes fabricantes de maquinaria industrial.

A injeção de capital reforça, ainda, a capacidade de contratação de engenheiros especializados em firmware seguro, análise de dados em tempo real e conformidade global. A empresa prevê aumentar a equipa de engenharia e suporte a clientes ao longo dos próximos 12 meses, acompanhando a expansão para novas geografias. Embora não divulgue metas numéricas, a FORT indica que a prioridade será atender clientes que operam frotas em múltiplos continentes, exigindo suporte 24/7 e integração com infraestruturas já existentes.

Num mercado em rápida consolidação, a Série B de 60,5 milhões de dólares coloca a FORT Robotics entre as empresas mais capitalizadas do segmento de segurança para robótica. Relatórios recentes de consultoras especializadas estimam que os gastos globais em soluções de segurança para máquinas inteligentes poderão ultrapassar 10 mil milhões de dólares até 2030, impulsionados pela automatização de armazéns, centrais de distribuição e veículos logísticos. Caso se confirme o ritmo de adoção, a empresa terá recursos financeiros e humanos para disputar contratos estratégicos e influenciar padrões técnicos.

Com reforço accionista, novos conselheiros e uma estratégia focada em evolução de produto, a FORT Robotics posiciona-se para responder à crescente necessidade de segurança, fiabilidade e escalabilidade na integração de robôs nos mais variados ambientes de trabalho. A empresa vê o investimento não apenas como combustível imediato para desenvolvimento tecnológico, mas como alicerce para parcerias que estabeleçam procedimentos universais de proteção em ecossistemas onde humanos e máquinas partilham tarefas em estreita proximidade.

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