Fourier apresenta GR-3, humanoide que alia assistência prática e vínculo emocional

A Fourier Robotics revelou o GR-3, o primeiro robô de tamanho real da sua série GRx dedicado explicitamente a cenários de cuidado humano. O equipamento inaugura a categoria “Care-bot” dentro do portefólio da empresa e foi concebido para executar tarefas de assistência enquanto cultiva ligação emocional com utilizadores de diferentes idades. O projeto baseia-se no princípio “amor acima da funcionalidade” e procura aproximar máquinas e pessoas em ambientes públicos, clínicos e, no futuro, domésticos.

Conceito de Care-bot coloca empatia no centro

Ao contrário dos tradicionais robôs industriais focados em eficiência mecânica, o GR-3 foi desenvolvido como companheiro social e assistente de serviços. Em locais de grande circulação, pode orientar visitantes, responder a perguntas e oferecer presença reconfortante a crianças. Para adultos mais velhos, o dispositivo pretende funcionar como interlocutor atento, reconhecendo expressões faciais e ajustando respostas de acordo com o contexto emocional de cada interação.

Nos próximos anos, a empresa planeia expandir o leque de utilizações para assistência clínica e geriátrica. Entre os casos de uso previstos estão apoio à mobilidade, monitorização de sinais vitais e colaboração em programas de reabilitação física. A ambição é aproximar-se de um cenário em que o robô não apenas executa tarefas, mas também contribui para o bem-estar psicológico dos utilizadores.

Com esta abordagem, a Fourier procura responder à questão central que orientou o desenvolvimento do produto: é possível um robô ser verdadeiramente aceite nos ambientes humanos do dia a dia?

Design macio e formato modular

O GR-3 mede 165 centímetros de altura e pesa 71 quilogramas. O exterior recorre a tons neutros, superfícies almofadadas e revestimentos semelhantes aos da indústria automóvel premium, solução que diminui a sensação de rigidez típica dos autómatos industriais. O chassis integra até 55 degrees of freedom, permitindo movimentos fluidos nos membros e animações faciais que reforçam a leitura de emoções.

A arquitetura é compacta e modular: sensores, unidades de computação e baterias encaixam-se em compartimentos de fácil acesso, reduzindo custos de manutenção. O sistema de bateria hot-swappable possibilita trocas rápidas sem desligar o robô, apoiado por gestão inteligente de energia que garante operação ininterrupta em ambientes 24/7, como hospitais ou centros comerciais.

Perceção multimodal para interações naturais

No núcleo da capacidade de comunicação está o Sistema de Interação Multimodal de Perceção Total, desenvolvido pela própria Fourier. A plataforma reúne visão, áudio e tato, processando sinais em tempo real para gerar respostas que imitam o comportamento humano:

Perceção auditiva. Um conjunto de quatro microfones oferece captação omnidirecional, cancelamento de eco e localização precisa da fonte sonora. Quando deteta voz, o GR-3 orienta a cabeça e estabelece contacto visual sincronizado, promovendo diálogo mais intuitivo.

Reconhecimento visual. Câmaras RGB combinadas com projeção de luz estruturada identificam rostos, acompanham movimentos e mantêm o interlocutor dentro do campo de visão expressivo do robô.

Feedback táctil. Trinta e um sensores de pressão distribuem-se pela superfície, permitindo que o robô reconheça toques e reaja com micro-expressões — piscar de olhos, alterações na direção do olhar ou gestos ativados por diferentes estímulos.

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A arquitetura de resposta inclui dois percursos de processamento. O primeiro, baseado em regras, oferece reflexos rápidos para ações imediatas, como desviar-se de obstáculos. O segundo recorre a um modelo de linguagem de larga escala, capaz de manter diálogos contextuais mais complexos, interpretar estado emocional e formular respostas adaptadas à situação.

Mobilidade versátil e mãos hábeis

Para além da inteligência social, o GR-3 apresenta melhorias mecânicas importantes. Os atuadores de alto desempenho — resultado de gerações anteriores da série — proporcionam locomoção variada: marcha tradicional, caminhada com pernas esticadas, corrida, modo de poupança de energia e até um passo “saltitante” para cenários dinâmicos. O robô também executa agachamentos e mudanças rápidas de direção para navegar em espaços complexos.

As mãos, com 12 graus de liberdade, suportam tarefas que exigem destreza, desde pegar em objetos delicados até operar painéis interativos. Essa combinação de mobilidade e manipulação amplia o número de aplicações possíveis, da simples receção de visitantes à entrega de materiais em clínicas ou laboratórios.

Plataforma aberta para investigadores e empresas

A Fourier sublinha a importância de tornar o GR-3 programável por terceiros. O dispositivo opera numa arquitetura cliente-servidor que aceita múltiplos algoritmos e aplicações externas. Investigadores, engenheiros de automação e programadores de inteligência artificial podem aceder aos recursos de hardware sem necessidade de alterações profundas no sistema. A empresa promete disponibilizar APIs de interação que simplificam o desenvolvimento de funções personalizadas e emocionalmente sensíveis.

Esse enfoque visa acelerar a adoção em diferentes sectores. Universidades podem explorar novos modelos de interação homem-máquina, empresas de serviços testar atendimento autónomo, e instituições de saúde integrar o robô em rotinas de monitorização de pacientes.

Aplicações projetadas para espaços públicos e privados

Embora ainda não exista calendário oficial para vendas em larga escala, a Fourier indica que o GR-3 encontra-se pronto para operar em ambientes reais. Entre os primeiros clientes esperados estão centros de serviço ao cidadão, museus e aeroportos, onde a presença de um robô social pode reduzir filas e melhorar experiências de visitantes.

Em cenários clínicos, o equipamento pode vigiar parâmetros biométricos, registrar dados e alertar profissionais de saúde em situações críticas. Na geriatria, a vigilância de quedas e a oferta de exercícios leves de reabilitação física estão entre as funções estudadas. A médio prazo, a fabricante pretende adaptar a plataforma a contextos residenciais, abrindo caminho para cuidados domiciliários complementados por inteligência artificial.

Com o lançamento do GR-3, a Fourier reforça a tendência de humanização da robótica, defendendo que utilidade e empatia não precisam seguir caminhos separados. Se conseguir consolidar o posicionamento como companheiro de confiança, o novo humanoide poderá inverter a resistência cultural que ainda rodeia a convivência diária com máquinas avançadas.

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