ACCRA, 15 de julho de 2025 – O Banco de Gana anunciou que está desenvolvendo um programa de hedge para o ouro exportado pelo país, medida destinada a proteger as receitas externas diante de possíveis oscilações nos preços internacionais do metal.
O plano foi apresentado pelo governador do Banco de Gana, Johnson Asiama, durante pronunciamento na capital. Segundo ele, a iniciativa pretende preservar o reforço recente das reservas cambiais, que vêm se beneficiando tanto do aumento da produção quanto da valorização do ouro no mercado global.
De acordo com Asiama, o nível de reservas internacionais brutas alcançou US$ 11,1 bilhões, suficiente para cobrir 4,8 meses de importações do país. Esse patamar é resultado direto da combinação entre volumes maiores de exportação e cotações mais favoráveis, situação que o governo busca estabilizar com um mecanismo formal de proteção de preços.
O programa de hedge deverá utilizar instrumentos financeiros como contratos a termo e opções, negociados em bolsas ou diretamente com instituições financeiras. Com esses contratos, o país fixa preços mínimos de venda, limitando os impactos de recuos acentuados nas cotações internacionais sem abrir mão de ganhos adicionais em caso de altas acima do valor estabelecido.
A estratégia é considerada essencial devido à volatilidade histórica do ouro, cuja cotação reflete fatores como política monetária de grandes economias, demanda por ativos de segurança e movimentos especulativos. Ao amortecer oscilações bruscas, o governo pretende assegurar previsibilidade de receitas em dólar, reduzir a exposição da balança de pagamentos e proteger o nível de reservas que tem dado suporte à estabilidade do cedi, a moeda local.
Gana figura atualmente como o principal produtor de ouro da África. Nos últimos anos, a indústria extrativa se consolidou como uma das principais fontes de divisas do país, contribuindo significativamente para as contas externas. O desempenho do setor foi impulsionado por investimentos em capacidade de lavra e melhorias operacionais, além do cenário de preços favorável.
As reservas internacionais, por sua vez, desempenham papel central na política macroeconômica ganesa. Um volume elevado de ativos em moeda forte permite à autoridade monetária intervir no mercado de câmbio quando necessário, honrar compromissos em moeda estrangeira e dar respaldo às importações de bens essenciais, como combustíveis e insumos industriais.
Ao adotar o hedge, o Banco de Gana busca consolidar esses avanços e criar um colchão contra possíveis reveses no mercado de ouro. O modelo em elaboração deve contar com participação de empresas mineradoras, que poderão aderir ao mecanismo de forma coordenada, e de agentes financeiros que proverão liquidez aos contratos.
Asiama não divulgou prazos específicos para o início das operações, mas adiantou que a equipe técnica do banco e representantes do Ministério das Finanças trabalham nos detalhes regulatórios e operacionais. O desenho final contemplará critérios de volume coberto, instrumentos permitidos, prazos de contratação e limites de exposição.
Com a iniciativa, o governo espera manter a trajetória de fortalecimento das reservas, sustentar o equilíbrio externo e reforçar a confiança de investidores na condução da política econômica ganesa.