Inteligência artificial exclui currículos muito elaborados, dizem especialistas

Sistemas de rastreamento de candidatos (ATS, na sigla em inglês) têm barrado currículos com formatação complexa e linguagem excessivamente criativa, dificultando o avanço de candidatos em processos seletivos online. A triagem automatizada, cada vez mais adotada por empresas brasileiras, analisa palavras-chave e leitura de layout antes do contato humano.

O designer Lorenzo Paschoal Sisti, 26 anos, relata ter enviado inúmeros currículos sem retorno ao disputar vagas formais. Segundo ele, versões com gráficos, cores e tipografias diferenciadas foram ignoradas pelos sistemas de seleção.

Como a tecnologia decide

Ferramentas ATS avaliam tanto arquivos anexados quanto formulários preenchidos nas plataformas de emprego e no LinkedIn. O software cruza termos específicos exigidos na descrição da vaga com experiência, competências e habilidades declaradas pelo candidato.

A consultora de recursos humanos Jéssica Maidana, com 15 anos de atuação no setor, afirma que a tecnologia reduziu drasticamente o tempo de análise em sua empresa, que recebe cerca de 1,5 mil currículos por semana. Contudo, ela alerta que detalhes de formatação ainda provocam descarte automático.

Principais motivos de rejeição

Maidana lista os fatores que costumam eliminar candidatos:

  • Formatação – gráficos, tabelas, emojis, colunas, caixas de texto, traços e efeitos visuais confundem o ATS;
  • Palavras-chave – ausência de termos presentes na descrição da vaga reduz a pontuação do documento;
  • Formato de arquivo – em geral, só são aceitos PDF ou DOCX com fontes simples, como Arial ou Times New Roman;
  • Layout – estruturas lineares e objetivas facilitam a leitura pelo algoritmo e pelos recrutadores.

Impacto nos números

Em um processo recente para o cargo de gerente, 100 currículos foram submetidos ao ATS da consultoria; apenas oito chegaram à avaliação humana. O dado reforça a necessidade de alinhar apresentação e conteúdo às exigências do sistema.

Atualmente atuando como freelancer e estudante de Psicologia, Sisti concluiu que engajamento direto com a empresa e adequação ao formulário são decisivos. “Só o currículo não garante mais nada”, afirma.

Especialistas recomendam revisar atentamente as instruções de cada vaga, evitar elementos gráficos e repetir termos essenciais do anúncio, garantindo maior compatibilidade com a inteligência artificial utilizada na triagem.

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