Lightmatter aposta em fotónica para acelerar centros de dados de IA

A computação fotónica está a ganhar terreno como alternativa de alta largura de banda aos circuitos eletrónicos tradicionais e promete aliviar gargalos nos centros de dados dedicados a inteligência artificial. A Lightmatter Inc., uma das empresas mais avançadas neste segmento, apresentou a sua estratégia para interligar componentes de processamento com luz em vez de cobre, aumentando a velocidade de comunicação entre unidades de cálculo.

Interconexão com luz elimina gargalos

Steve Klinger, vice-presidente de produto da Lightmatter, explicou durante o evento “AI Factories – Data Centers of the Future”, organizado pela theCUBE e pela Bolsa de Nova Iorque, que o objetivo principal é desbloquear as limitações atuais de interconexão. “Estamos a utilizar fotónica em silício para oferecer muito mais largura de banda e permitir ligações entre um número maior de unidades de computação”, afirmou o executivo.

Nos centros de dados convencionais, as ligações dentro de cada rack são feitas com cabos de cobre. Quando o tráfego precisa de sair do rack, recorrem-se a módulos óticos pluggables, cuja capacidade é inferior e cria um ponto de estrangulamento. A Lightmatter pretende contornar este problema com o Passage, sistema ótico que leva a fotónica diretamente a todos os chips, dispensando as limitações físicas impostas pelo design tradicional dos racks.

Ao mover os canais óticos para o interior dos servidores, a empresa reduz a latência entre GPUs, XPUs e demais aceleradores, condição crítica para aplicações de IA intensivas. Klinger destaca que a abordagem permite “manter o ritmo de escalonamento de desempenho” exigido por modelos cada vez maiores.

Estabilidade térmica e robustez operacional

Além da largura de banda, a Lightmatter desenvolveu mecanismos para proteger os chips fotónicos em ambientes de produção. Segundo o responsável, a companhia criou soluções que garantem estabilidade face a variações de temperatura e a perturbações físicas comuns em centros de dados. Esses avanços técnicos pretendem assegurar funcionamento contínuo e fiável, requisito essencial para infraestruturas que processam grandes cargas de IA.

A adoção de fotónica em silício não pretende substituir integralmente a eletrónica, mas complementar a arquitetura atual, criando ligações mais velozes e escaláveis entre processadores. Com a procura por potência de cálculo a crescer, sobretudo após a popularização de modelos generativos, a tecnologia surge como elemento chave para sustentar a próxima geração de workloads de inteligência artificial.

Para a Lightmatter, o passo seguinte é integrar a solução Passage em instalações comerciais e demonstrar ganhos de desempenho em escala. Se bem-sucedida, a estratégia pode redefinir o desenho dos centros de dados e apoiar a expansão do mercado de IA.

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