A Lufthansa Group prevê introduzir um novo produto de Primeira Classe a partir de 2026 e, para o instalar, prepara-se para transportar toneladas de chumbo como lastro em vários aviões. A medida pretende compensar a deslocação do centro de gravidade provocada pelos assentos de luxo, mais pesados do que os actuais.
Quantidades de lastro e impacto na frota
O plano abrange duas companhias do grupo. A Swiss vai modernizar 14 Airbus A330, onde serão colocadas 1,5 toneladas de chumbo na secção traseira de cada aparelho. Já a Lufthansa instalará 700 kg de lastro em 19 Boeing 747-8. Somados, os valores representam 34,3 toneladas adicionais que serão transportadas diariamente em operações de longo curso para destinos como Estados Unidos, África do Sul ou Índia.
O peso extra tem reflexos directos no consumo de combustível. Nos A330 da Swiss, a estimativa aponta para mais 60 kg de querosene por hora de voo; nos 747-8, o aumento previsto é de 25 kg por hora. Considerando 5 000 horas de voo anuais e uma vida útil planeada de dez anos, o grupo calcula um acréscimo de 65 750 toneladas de combustível queimado, responsável pela emissão adicional de cerca de 207 770 toneladas de dióxido de carbono.
Contraste com políticas de bagagem
As companhias aéreas do grupo aplicam taxas de 50 euros ou mais por quilograma excedente quando os passageiros ultrapassam o limite de 23 kg de bagagem. A política contrasta com a decisão de transportar chumbo apenas para manter o equilíbrio dos aviões equipados com a nova Primeira Classe.
Actualmente, um bilhete de Primeira Classe num voo entre Zurique e Nova Iorque gera, em média, 14 toneladas de CO₂ por passageiro — cerca de cinco vezes o impacto de um lugar em Classe Económica. A inclusão de lastro aumenta ainda mais esta pegada.

Reacção de grupos ambientalistas
Organizações ligadas à defesa do clima iniciaram uma petição contra o projecto, argumentando que milhares de toneladas de chumbo seriam transportadas sem utilidade operacional para a maioria dos passageiros, agravando emissões num sector já pressionado para reduzir o seu impacto ambiental.
O grupo Lufthansa classifica a iniciativa como parte do seu «compromisso de qualidade», garantindo a estabilidade da aeronave e o conforto dos clientes de Primeira Classe. Até ao momento, a empresa não indicou alterações ao cronograma nem divulgou respostas formais às críticas.