A Nvidia anunciou na noite de segunda-feira, 14 de julho, que espera reativar em breve as vendas do processador de inteligência artificial H20 ao mercado chinês. A retomada ocorrerá depois de o governo dos Estados Unidos, liderado pelo presidente Donald Trump, ter informado que concederá licenças de exportação específicas para o componente, um passo que libera o embarque do produto às empresas do país asiático.
Histórico da restrição
O H20 é um dos principais chips da Nvidia voltados a aplicações de inteligência artificial em centros de dados. Em abril deste ano, Washington endureceu as regras de controle de exportação para semicondutores avançados destinados à China, bloqueando temporariamente a comercialização do dispositivo. A proibição fazia parte de um pacote mais amplo de medidas que visam limitar o acesso chinês a tecnologias consideradas sensíveis pela Casa Branca.
Com o endurecimento do licenciamento, qualquer venda do H20 passou a depender de autorização expressa do Departamento de Comércio. Na época, autoridades norte-americanas argumentaram que o chip poderia ser empregado para impulsionar capacidades computacionais de aplicações com potencial de uso militar ou de vigilância. A suspensão atingiu diretamente a linha de receita da Nvidia na região, uma vez que clientes chineses vinham adotando o processador como alternativa a modelos de maior desempenho que já estavam sob embargo desde 2022.
Liberação condicionada por licença
Segundo comunicado da companhia, o governo norte-americano indicou que as licenças para exportar o H20 serão emitidas em ritmo acelerado, permitindo que as entregas recomecem “nas próximas semanas”, sem data exata divulgada. A Nvidia não forneceu projeções de volumes, mas ressaltou que manterá conversas com distribuidores e clientes para ajustar cronogramas de fornecimento.
O mecanismo de licenciamento, frequentemente aplicado em controles de exportação dos EUA, estabelece requisitos técnicos e de monitoramento para cada embarque. Nesse modelo, empresas precisam comprovar o destino e o uso final do produto. Se forem confirmadas as condições estipuladas por Washington, as licenças terão validade limitada e precisarão de renovação periódica. O Departamento de Comércio não se manifestou publicamente sobre os critérios adotados para o H20.
Impacto para a Nvidia e para o mercado
A suspensão desde abril havia aumentado a incerteza sobre a participação de mercado da Nvidia na China, região que historicamente responde por parcela relevante das vendas globais de semicondutores de alto desempenho. Analistas acompanham o tema para avaliar eventuais efeitos na receita do segmento de data centers, atualmente o principal motor de crescimento da fabricante. A companhia não mencionou se a liberação do H20 pode alterar projeções financeiras divulgadas anteriormente.
A sinalização de Washington ocorreu em um momento de otimismo nos mercados acionários dos Estados Unidos. Antes da abertura desta terça-feira, índices futuros avançavam em meio à expectativa por balanços de grandes bancos, movimento que tende a beneficiar companhias ligadas ao setor de tecnologia. A confirmação de que as vendas do H20 serão retomadas acrescenta um elemento positivo para investidores que acompanham o desempenho da Nvidia, especialmente após meses de volatilidade causada pelas restrições comerciais.
Ainda não há informações sobre eventuais ajustes no cronograma de desenvolvimento de novos produtos direcionados ao mercado chinês, nem sobre alterações nas políticas de controle de exportação para outros modelos. A Nvidia afirmou apenas que continuará a dialogar com autoridades dos Estados Unidos para garantir o cumprimento das normas vigentes.
