A Rwazi, startup de inteligência de mercado fundada em 2021 por Joseph Rutakanga e Eric Sewankambo, garantiu uma rodada Série A de US$ 12 milhões. O aporte, liderado pela Bonfire Ventures, permitirá acelerar o desenvolvimento de sua tecnologia de coleta de dados de consumo em tempo real e ampliar a equipe de engenharia.
Com sede nos Estados Unidos, a empresa nasceu da constatação de que havia abundância de estatísticas confiáveis para mercados como Estados Unidos, Reino Unido e parte da Europa Ocidental, mas escassez de informações precisas sobre países emergentes e outras economias relevantes, entre elas Índia, Brasil, México, Japão, Turquia e China. Ao tentar adquirir dados de agências governamentais e relatórios tradicionais, Rutakanga identificou lacunas de atualização, fragmentação e, em alguns casos, inexistência de séries históricas úteis. Relatórios de consumo disponíveis comercialmente tampouco atendiam aos critérios de precisão e rastreabilidade exigidos pelas companhias.
Frente ao imbróglio, os fundadores decidiram construir uma infraestrutura própria baseada em “zero-party data” – informações que os consumidores escolhem compartilhar voluntariamente, durante suas rotinas de compra, validadas e verificadas por sistemas avançados de monitoramento. O resultado é uma plataforma de software alimentada por inteligência artificial que oferece visibilidade em tempo real sobre hábitos de consumo em 190 países. Segundo a Rwazi, o modelo permite prever comportamentos, indicar áreas estratégicas e reduzir custos de aquisição de clientes, além de favorecer a fidelização.
Entre os usuários da solução estão marcas globais de bens de consumo, meios de pagamento e alimentos, como Coca-Cola, Pampers, Visa e Nestlé. A maior parte dos clientes se concentra nos Estados Unidos e na Europa, mas a coleta de dados cobre mercados de todos os continentes, dando suporte a decisões locais e regionais.
A nova injeção de capital sucede um seed round de US$ 4 milhões captado em 2022, também conduzido pela Bonfire Ventures. Na Série A, além da gestora californiana, participam Santa Barbara Ventures, Newfund e Alumni Ventures. Rutakanga afirmou que a captação foi deliberadamente seletiva, focada em investidores familiarizados com os desafios de mensuração de consumo em tempo real.
Os recursos serão direcionados principalmente ao aprimoramento de um copiloto de IA que auxilia as empresas a transformar dados em ações imediatas. Outra parte será destinada à contratação de engenheiros para reforçar a construção de infraestrutura e garantir escalabilidade à operação global.
Embora o mercado de pesquisa de consumo conte com players consolidados, como GfK e Ipsos, a Rwazi sustenta que difere dos concorrentes ao evitar dados modelados ou inferidos. Seu banco de dados próprio, combinado a algoritmos de validação, fornece, de acordo com a companhia, um panorama direto do que é comprado, onde e quando, permitindo ajustes de produto, marketing ou distribuição antes que mudanças de comportamento se consolidem.
Em um cenário de transformação acelerada nos hábitos de compra, descrito pela empresa como um processo que torna obsoleta a dependência exclusiva de pesquisas de painel ou de surveys pontuais, a Rwazi aposta na captação contínua de informações como caminho para que marcas antecipem tendências e ajustem estratégias com menor risco.
Com a Série A, a meta imediata é robustecer a capacidade analítica da plataforma e garantir que clientes tenham acesso a recomendações em tempo real, independentemente da região monitorada. A longo prazo, os fundadores pretendem aprofundar a cobertura de mercados emergentes e ampliar a base de usuários na Ásia, América Latina e África, consolidando um repositório global de hábitos de consumo.
Para além de expandir a cobertura geográfica, a empresa avalia ainda incorporar novos indicadores ao sistema, como dados ambientais ou de sustentabilidade ligados aos produtos monitorados, acompanhando demandas de consumidores e requisitos regulatórios que vêm ganhando relevância em diferentes países.
