Um foguete Falcon 9 da SpaceX será responsável, na madrugada de quarta-feira, por colocar mais 24 satélites de internet do Projeto Kuiper, da Amazon, em órbita baixa da Terra.
Denominada missão KF-01, a operação tem janela de lançamento de 27 minutos com abertura às 2h18 (horário da Costa Leste dos Estados Unidos) a partir da Estação da Força Espacial em Cabo Canaveral, Flórida. Caso a decolagem ocorra dentro do período previsto, o total de satélites Kuiper em operação subirá para 78.
Meta de cobertura orbital
A Amazon planeja implantar mais de 3.200 satélites em sua constelação de primeira geração. A expansão busca posicionar a companhia como competidora relevante no mercado de banda larga espacial, atualmente liderado pela Starlink, rede da própria SpaceX que conta com cerca de 8.000 unidades em órbita.
Segundo licença concedida pela Comissão Federal de Comunicações dos Estados Unidos (FCC), pelo menos metade da constelação inicial da Amazon deve estar ativa até o fim de julho de 2026. O cronograma impõe pressão logística: das quatro empresas contratadas para lançar a frota — United Launch Alliance (ULA), Arianespace, Blue Origin e SpaceX — apenas a ULA dispõe, no momento, de veículos prontos para voos regulares.
Parceria entre rivais
Embora Amazon e SpaceX disputem o mesmo segmento de internet via satélite, as empresas fecharam, em dezembro de 2023, acordo para três lançamentos de Kuiper utilizando o Falcon 9. A negociação ocorreu cerca de dois meses depois de acionistas da Amazon entrarem na Justiça questionando a decisão inicial da companhia de excluir a SpaceX da primeira rodada de contratos, mesmo com o Falcon 9 figurando como o foguete operacional mais confiável do setor.
As duas remessas anteriores de satélites da Amazon foram levadas ao espaço pela ULA. O primeiro lote foi lançado em abril, também a partir de Cabo Canaveral, por um foguete Atlas V. Dessa forma, o voo desta semana marcará a estreia do Falcon 9 como vetor do programa Kuiper.
Alternativas ainda limitadas
A Blue Origin, também de propriedade de Jeff Bezos, pretende transportar satélites Kuiper no foguete pesado New Glenn. Até agora, no entanto, o veículo realizou apenas um voo de teste, sem recuperação do propulsor. O próximo lançamento do New Glenn está agendado para 15 de agosto, ainda sem carga comercial confirmada. Já a Arianespace se prepara para colocar em serviço o Ariane 6, cujo voo inaugural está previsto para este ano, porém sem data definida para missões dedicadas ao Kuiper.
Com o cronograma da Amazon apertado e apenas parte dos parceiros capaz de cumprir prazos, o contrato com a SpaceX assume importância estratégica. O Falcon 9 oferece cadência de decolagens elevada e histórico de confiabilidade que podem ajudar a Amazon a atingir rapidamente a marca exigida pela FCC.
Detalhes da missão KF-01
O foguete decolará na configuração de dois estágios padrão da SpaceX. Após a separação, o primeiro estágio deve pousar em uma plataforma flutuante no Oceano Atlântico, procedimento rotineiro que permite sua reutilização. Os satélites serão liberados progressivamente em órbita baixa, posição adequada para reduzir latência no serviço de internet que a Amazon pretende oferecer a consumidores e empresas.
Além do lançamento, a Amazon desenvolve estações terrestres, terminais de usuário e infraestrutura de rede para habilitar a operação comercial do Kuiper. A empresa não divulgou data específica para o início do serviço, mas a montagem da constelação e o cumprimento das metas regulatórias são etapas consideradas essenciais para a abertura oficial.
Com a conclusão bem-sucedida da KF-01, a Amazon ainda precisará colocar cerca de 1.600 satélites no espaço em pouco mais de dois anos para respeitar o prazo da FCC. O desempenho dos parceiros de lançamento — e, em especial, a disponibilidade contínua do Falcon 9 — deverá ser determinante para que a empresa alcance esse objetivo dentro do período estipulado.