O Serviço de Alterações Climáticas Copernicus (C3S) e o Centro Europeu de Previsão Meteorológica a Médio Prazo (ECMWF) disponibilizaram a Thermal Trace, aplicação que permite analisar níveis de stress térmico — tanto calor como frio — em qualquer região do planeta. A ferramenta recorre a um conjunto de dados que começa em 1940 e é atualizado até cinco dias antes da data atual.
Pressão crescente do calor extremo
A criação da app reflete a preocupação crescente com as ondas de calor, que se tornaram mais frequentes e intensas. A Organização Mundial da Saúde estima que as mortes relacionadas com o calor na Europa aumentaram 30 % nas últimas duas décadas. Apenas em junho de 2025, grande parte da Europa Ocidental registou índices de stress térmico muito fortes, batendo recordes históricos.
Stress térmico mede a resposta do corpo humano a temperaturas extremas e pode desencadear sintomas como taquicardia, náuseas ou desmaios; nos casos mais graves, evolui para exaustão ou golpe de calor. Para acompanhar este indicador, a Thermal Trace coloca à disposição mapas interativos e gráficos personalizáveis.
Dados, funcionalidades e alcance
A base da aplicação é o ERA5-HEAT, primeiro conjunto de dados histórico dedicado ao desconforto térmico em condições exteriores. O índice resulta da combinação de temperatura do ar, humidade, velocidade do vento e radiação solar. Quem utilizar a app pode selecionar localizações, datas e variáveis como “sensação térmica” ou “stress máximo” para comparar, por exemplo, o pico de calor de um evento recente ou contabilizar a quantidade de “noites tropicais” (mínimas acima de 20 °C).
Os ficheiros do ERA5-HEAT podem ser descarregados diretamente na plataforma, que foi desenvolvida com a tecnologia de arquivo open-source Zarr, escolhida pela capacidade de processar grandes volumes de informação de forma rápida. O interface privilegia a navegação simples e permite exportar gráficos para análise externa.
A ausência de dados em tempo real é a principal limitação: existe um desfasamento de cinco dias entre a recolha e a disponibilização da informação, pelo que a Thermal Trace não substitui sistemas de alerta imediato. Ainda assim, segundo a equipa do Copernicus, o objetivo é fornecer uma referência consistente para cidadãos, autoridades de saúde, investigadores e decisores, facilitando o planeamento de medidas de adaptação num cenário de aquecimento global contínuo.